domingo, 28 de agosto de 2011

Madrugada



Linda madrugada egrégoras infindas
No intangível estacionam divinais
Difusas esfinges do nada ser
Validade indefinida justo permanecer
Isoladas cristalinas raras pétalas
Flores de diamante dádiva flor incriada
Manhã orvalhada sabido é incompreendida
Outrora pela noite enluarada tragada
Visões espaço paradisíacas demonstram
A raridade quando se observa além
O impossível o ilusório o inacreditável
Assistentes insistentes andam de mãos dadas
Falidas filosofias esgotam-se no fim
Desafiando a saudade ainda que inexista
Pétalas despertam ao serem despetaladas
Dentro do invisível já não me sei visível
Manhãs espaciais especiais naves
Deliciosa sensação ser um ser invisível
Navios voadores marujos descobridores
Tão próximos tão inatingíveis rumores
Prelúdios hialinos ingressam no momento exato
Insubmissa lição missão desafiante
Por no descaminho o desfecho
Intransigente sem certo e sem errado
Confio caminho inteligente destino
Inalterável


Renata Rothstein


sábado, 27 de agosto de 2011

Segredos

Sagrados segredos segregam o simbólico
Doravante perpetuam-se as mesmas dúvidas
Inconsistentes inconstantes presentes
Seqüência freqüência demência anuência

Descabido inconcebível celebrado o pacto
Nada mais resta parto despistando o auto rapto
Simplesmente permito e o porto me abraça me abarca
Alastrando a insólita descontinuada efervescência

Vivo evoluo experimento ausento minha própria essência
Solucionando esbaforidos princípios finalizados calo
Torrentes espargem boas novas auspícios
Doces inaudíveis “eus” sussurrantes ao luar meu lugar

Irracionalizando meu ato atenuante símbolo desatado
Atino o desconhecido antigo usual despistar
Afasto-me. Basto. Bastões de ourivesaria. Bato.
Abre-se a porta estratégias do tudo que não queria

Rumores sentenciam à antítese da sintonia
Calada a sinfonia retomada a monotonia
Sigo moderadamente alegre allegro moderato
Viver seguir desistir resistir vias de um mesmo ato






Renata Rothstein

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Imaginações

Só desejava de volta o próprio eu borrado quase breu
Gravado tão guardado esquecido nalguma gaveta
Por tanto tempo que no próprio momento
Perdeu-se. Tão bom esconderijo esquecido tolice

Arrependimento do ontem deslizando entre os dedos
O momento em que emergia sublime o então presente timbre
Auge da felicidade escapando da realidade relativa
Tudo o que havia era o peito a dor e uma alma vazia

A casa vazia a gente que não havia. O retrato
Apenas ele que numa lembrança fugidia sorria
Relicários espectrais assumem postos e identidades
Torpores inventados fugas cômodas necessidades

Ainda o é e será enquanto houver
Profetizo haverá muito embora a multidão
Grite, alardeie, incendeie, só a solidão
Repleta de assombrosos calafrios segue só

Só segue suportando insuportáveis sacrifícios
Insaciáveis incansáveis intensas ironias
Os dias são passados visões anos luz
Archotes esquecidas impossíveis lições

Rendamos graças a todo desprezar
Olvidando serenado fica o turbilhão
Iludido no resoluto luto me debato liberto do luto
Escapos no imaginário devolvem ao caos a ilusão





Renata Rothstein

Capciosos Abraçaralhos

Repleto de assombrosos calafrios segue só
E segue e permanece e apenas pela luta há libertação
Guerreiros siderais bradam cantos de guerra
Magos feiticeiras magias guardam as sentinelas

Da janela avista-se a vela o farol guia o retorno dela
Anela o impossível ter a coroa o cetro a panela a gamela
Abraçaralhos por analogia excruciantes dores de parto
Aspergindo no disparate da abraçarologia o louco que tudo via

Venenosas anti bênçãos disfarçadas na pudica podre putaria
Não temo sorrio lamento não há tempo o príncipe da tesouraria
Traz tropeçando nas barras da saia os odres repletos da patifaria
E destemperado sorria bastardo digo basta de tanta zombaria

A toada bélica ensaiada trará à tona a perdição
Mentiras minguadas enfadonhas enjoam peço permissão
Corruptelas atrelam-se a terra a terra do sempre não
Aonde crescem as mentiras, os abraçalhadores continuarão anões

Quando a simples dignidade apresenta-se tarde
Logram-se efeitos defeituosos caminhos capciosos
Anciã ânsia do justo certo correto ser o que há
Lamento no seio da terra coberto de terra um dia ele estará


Renata Rothstein



Eterna Aprendiz

Eterna aprendiz de universos infinitos, futuros presentes, esfuziantes
Sou apenas curiosa passageira de um circuito itinerante instigante
Milenares singulares minutos transcritos em tinta azul
Quando surpreendente segundos tornam-se alquimicamente

Magistrais e resplandecentes horizontes sem fronteiras da mente
O extremo simples e diferente - o paradoxal
Paradoxos pinçados diuturnamente no igual?
Sim. Diferentemente semelhança tal

Soergo nego meu ego permaneço sozinha pelo teatro divinal da vida
Indeléveis sempre espetaculares milênios
Sigo a mesma menina mulher
Eterna peregrina protagonista antagonista espectadora expectante

Transmutando eternidades em instantes
Coadjuvante atuação triunfante fulgura almejo o antes
A co-autoria da odisséia diria que a mim cabia - sabia
Permanecer é conhecer o risco de conhecer a transitoriedade

Às vezes, contra a vontade, arde no peito a clandestinidade
Quando o tudo que é possível sem aviso parte, regressa, permanece
É que se mede a discrepância do inverso da intolerância
Dentro da noite em mim os conselhos que, aliás, não requisitei

Retratos da imposição, conversam com minha'lma a pluma dourada
Sonhada e o plúmbeo meu lugar sótão solidão
Aprendo de vez a lição acarinho meu bipolar coração
Experimento nas manhãs translúcidas a vida

Vida. Vívida. Viva. Vivida. Rediviva
Permanente, por toda a Vida
Espelhos deformados auto quebram-se de contrariedade
Luzes invisíveis retornam trazendo o novo na semente da criação.


Renata Rothstein






quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sorria, você está sendo carcado!

Sorria, você está sendo carcado
Espalhe logo pelos quatro cantos
O antigo antro novidade entra ano sai ano
O do povo continua sendo ralado
E tem a ala esquisita dos que dizem pagando bem, que mal que tem?


É, amiguinho, estamos de curralado
Ops, encurralados na chibata de todo dia
Presas fáceis no arpão da escrota vergonharia
Não se envergonha, sorria!
Sorrindo e dando bom dia quem sabe nem doeria?

Já temos (abençoados!) o direito obrigatório de votar
Perpetuando no erro alheio à danada da putaria
Engolindo mensalidades, barbaridades, abjetos mensalões
Esgoto à exaustão o suado insistente desejo de ser apenas um cidadão
Carcado cidadão cerceado mais um no meio de tanto bundão

Instituída a podridão quase generalizada, de lá e cá
Só me resta pensar, mas em que merda de lugar é que eu vim parar
Mas eu não calo eu falo embora sabendo que o melhor é ficar quietinha
Fingir que não há... de repente percebem que estou tentando trabalhar - param um pouco de defecar
E inventam logo mais algum imposto que será imposto só pra me ferrar!


Renata Rothstein

Para o Meu Amor



Para o Meu Amor

Deliro despisto desejo devido devolvido duradouro derradeiro Amor

Astrais considerações consideráveis me lambuzo me perdendo em você

Me encontro na querência do querer infinito alimento o fogo de ter

Em você vestígios de mim eternidades comprovam

O melhor do que há ainda em mim, feito e ofertado a você

Sem começo e sem fim caminhos que sempre trazem você

Forjado a ferro e a fogo espaço em mim começo, de novo

E novamente te amo, reencontro flertado angelicamente

Te amo me lanço me largo não há retoque que caiba entre nós

Dos nós que nós fazemos ardendo no selo do sê-lo ser tudo Amor

Tramas tramóias traumas tratos desfeitos jamais aceitos não podem alcançar

Amando desejo me rendo me entrego te quero desejo suspiro não posso calar

Vivo e vivendo aprendo a arte de viver somente por te amar.

Te amo.


Renata Rothstein





Desfiladeiros



Desfiladeiros elípticos espargindo sensações recorrentes
Decorrentes do nascer intenso febril agente
Vigias moribundamente perfilados contam segredos ao pé do ouvido
Não ouço, não dou ouvidos, estranho, a invigilância

Pode ser dom quando quadrantes desfigurados
Esfacelam a vigília equivocada que perscruta, mas não acha nada
Aliviando esporadicamente consciências vem a dona da indolência
A cômoda ilusão da auto saciedade - quem sabe?

Barqueiros charônicos irônicos espreitam e esperam sua mísera barganha
Miséria no canto de despedida a desmedida impedida
Implora ao barqueiro - estafeta de não sei quem
O derradeiro desejo o de estar presente errante solenemente

Errando acreditar-se presente na triste reunião dos sempre ausentes
Hipoteticamente pateticamente somente os ausentes estarão sempre presentes
Cumpre-se o destino lançar-se ao tudo única opção que há
Desfiladeiros desfilam desafios derradeiros desafiadores degredos.


Renata Rothstein

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nós, os Simplórios



Nós, os simplórios
E nossas raras cerejas, nossas muitas cervejas,
Nossos gracejos e nossos arpejos
Vivemos sabidamente insistentemente
Topando brincar de teimar simplificando o gracejar
Arpejar arpejo tantas vezes ameaçados de despejo
Despejo de nós mesmos notórios
Ingênuos porém argutos vivendo a muito custo
Simplórios destinos detidos inglórios
Nossas cervejas nossas cerejas nossas despesas
Despesas incalculáveis nem gosto de calcular
Prefiro tingir o cabelo de cereja, esquecer a despesa
Beber a cerveja e depois da cerveja simplesmente mijar!
Não se prenda não há renda o instante é o que há
Depois de tornar-se um simplório a vida é simples
É simplesmente ficar e ir ficando e levar
O problemático em levar é ir ficando e gostar
Triste destino de um simplório: gostar até de levar!


Renata Rothstein

Labirinto



A saudade dói, a saudade corrói o que ainda me resta,
E que entra por uma fresta, na ex-festa do meu coração...

O que resta... coração sorrateiro me esnoba, pela fresta que resta avisto portais
Resfolegando desperto percebo concluo a vida hoje é um porão, claustro guardião da minha companhia solidão


Noutros tempos havia festa naquele mesmo coração, janelas douradas permitiam a virginal visão, jamais imaginaria habitar os submundos perdidos na imensidão
De gélidos pálidos descompassados pedaços de vida retiro o antídoto que sara a ferida, invado a partilha de um passado imperfeito

Perfeito que ainda vive e ainda grita e ainda luta e crê e se agiganta
Reergo em sonhos minha enfraquecida alma, retomo a sonhada antiga direção que inadvertidamente esqueci

As feridas sempre cicatrizam, apenas uma cicatriz relata o tudo que fiz
Respiro levanto invento a ação esqueço o passado e acerto os ponteiros do meu sofrido coração

Contemplar novamente aqueles dourados portais da vida seria apenas e tão somente ilusão
Realidades vivo você vivo de mim mesma fugindo querendo me esconder e nessa fuga o inexorável me encontrar

Postergando extra labirinticamente encontrar a saída no permanecer
Caminhos impossíveis lamentam a inútil temida presença do nunca te esquecer

Permaneço
Solucionando serenidade será sempre sinal sonho
Sou sonhadora

Renata Rothstein

Horizontes



Monitoro o inquebrantável
No anseio mais insistente
De tornar o que já não se sente
Lindamente inominável agito

Lanço ao mar revolto o buscar
Minha revolta marulhando o voltar
Horizonte perolado mar espelhado
Espelha o que há de novo

Em mim, do início, que não haja um fim
Sou, sim, tudo o que jamais planejei
Falíveis bolas de cristal estilhaçaram-se
Diante do ouro do dilúvio do amanhã

A manhã derramada no eterno sim
Sinal do muito que está por vir
O porvir te chama, a vida clama
Acende aquela excelsa chama

Realidades subjetivas desfilam
Na minha ilusão objetiva
Nada sobra, pois o pouco tudo
Tudo, que ainda sinto, haverá

Tropeça na ferrovia via que fervilha
Fervilhante sinaliza sonora a hora
De ir e seguir e não parar não parar
Parar. Parar o tempo para que eu me vá.


Renata Rothstein

domingo, 21 de agosto de 2011

Brochuras



Brochuras mata- borrões carimbos e auto-condecorações
Corredores senhas números escadas decoradas descoradas
Caras descaradas, petições, papéis, babacas de samba canções
Escaralhando experimentam a velha senilidade onisciente

Nada muda nesse mundano imundo mundo
Latidos alardeiam lerdezas ilesas e veja
Dano nódoa nado nada dana não há dolo
A lei larápia lavrando a lentidão dane-se se é gente

A gente ao largo largada dardos dados dedurados duram
Perfazem a pessoal imprestável prorrogação
Cachaceiros classificam deveres como se tais fossem favores
Deuses derrotados dedilham dramas desconhecidos das dores

Promotores da patifaria promovem a picardia
Permanecem sentados gozando da estranha alegria
Sentindo sarcástico sentimento coça-saco-alegria
Banalizam boatos sérios reparando que a bundardia

Miscigenam a caralhagonia vivida no dia a dia
Rascunhando perfeitas budegas em papéis anti-higiênicos
Resolução bem clichê atuando o bundalelê no poder
Esquecendo propositalmente de cumprir o próprio dever



Renata Rothstein

Sentinelas





Sentinelas satânicas subservientes auto sabotadoras sacodem o sentido do ser

Quando toda corrupta inutilidade esvai-se ante o sopro da santidade

Serpentes arquejantes apelam ao chefe diuturnamente ausente

Amparadas pela amarga ilusão do ser escravo crendo exercer a escravidão

Aproxima-se o terrível esperado ansiado apavorante dia em que toda ira estraçalhada será, enfim, reduzida à nada

O que sempre foi continuando o caminho imutável de acreditar ser, iludindo-se crendo haver, insistindo no inexistir.

Das luzes artificiais sobrarão apenas as penas, aguardadas guardadas no pavor
Entre inimigos rastejantes o rastejo mais significante é o esconder-se e permanecer distante.

Calaria sabiamente se a comovente redundante cretina desistência demonstrasse a competência instigante agora desmoralizante do não haver possibilidade

Jardins de Allah projetados para aquilo que não há, jorrando exatamente maravilhas para tudo que ainda virá.

Haverá qualquer armadilha que ensine, eduque, castigue e retome o caminho distanciado de si mesmo perdido no meio da visão da possível prometida inveja do conhecer.

Hoje a única saída que traria alívio determinante seria apenas o não ser, o inverso do cáustico amargo percurso do ser, sem saber ao menos por quê.


Renata Rothstein

Laços



Eu preciso muito mais do que a não ausência que me queima, exigência
Anseio a presença que traga ilusão ansiada trazida por angélicas mãos
Marcadas. O tudo que torna aveludada e imutavelmente macia
Ser a serenidade, existência centrada encontrada na balbúrdia do nada

E não se anuncia, ente perene companheira paradoxo sazonal
Rebrilha. Ao fim do dia melódicos horizontes violáceos incendeiam
Trazem do incomum o todo caminho lácteo percurso nenhum
Sim, eu espero na calma aflita do conformado desespero calado


A tarde incendeia-se embalada deitada no suspiro violáceo sussurrante
Errante, o laço indissolúvel do ser para todo o sempre, crepúsculo meu
Na noite fantasmagóricos estalidos do breu a noturna brisa sibilante eu
Trará a manhã azul, o retorno, vigília, farol guia aguardo no cais o retorno teu

Renata Rothstein

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ciclos





Ciclo. Cio. Crio. Cedo. Creio? Cedo.
Devaneio iluminações transitando por terras prometidas não sei por quem
Silencio ciente do silencioso supersticioso silêncio sem saídas. Aquém
Anulam-se as certezas quando, postas as cartas todas sobre a mesa

Observatórios transitórios notoriamente anunciam o anonimato
Transacionando sensacionais anedotas fracassam sagrando o nada
Belígeros comboios lúdico lunáticos entoam seu tedioso mantra
Sangra na pureza da pena o dó do encontro no alvoroçado caos

Infalível, que te abraça, te ultrapassa, transpassa, ultrapassa
Dispensando o nó frouxo da dó desafinada dilacerada compaixão
Invadindo tão altivamente vivaz debulhando os cretinos grilhões
Aguilhões endereçados embaralhados ante a loucura normal

Na mesa sobram as incertezas expostas rudemente iluminadas
Pelas sempre verdadeiras cartas, que não mentem jamais
A saída é silenciosa e o supersticioso infelizmente não silencia
Cumprido o credo. Silencio, crio o sempre cio, inspiro o auspício, ciclos


Renata Rothstein

Lápides

Exaurem-se as novidades no regaço do fogo de palha
Assustados boquiabertos querubins colhem as flores esquecidas
Na soturna festa de nada mais nada menos que o nada mesmo
Dilapidadas lápides lapidadas laceram as lexicais lições

O suspiro inventado pelo fanfarrão vencedor do torneio
Dissonante disputa retumbante inferno repugnante
Nada divinal comédia inferno pobre de Dante
Ainda que por amor ao Amor venham os santos a entoar os cantos

Os cantos hoje vexados escondem-se fogem envergonhados
Pelos cantos e frestas de selvas que revelam a súplica da alma
Esconderijos ocultam momentaneamente o fogo que nunca se apaga
Não se cala no fundo da mala surge o encanto o monte inatingível

Fora o tangível sabido pelo ingênuo desconhecimento nada romântico
Avistando uma vez a lonjura celestial destinada somente - pasmo
Aos que a buscam enveredando-se doando adorando sem imposições
Estóicas ações a viagem avança esperanças nos estertores do que é

Passado. Ao limbo o presente imperfeito e o pretérito mais que perfeito
Fronteiriça enfermiça latejante grandiosidade permitida contra a vontade
Garantida pela escalada solitário e austero paradoxo da perplexidade
Os outros tantos cantos continuarão a ser entoados por toda a Eternidade


Renata Rothstein



sábado, 13 de agosto de 2011

Ouro da Tola



Oba.
Boa!
Quem disse que a estratégia do todo
Destoa?
Palhacinhos do não querer
Mascaram desmascarados
Amargam máscaras do solitário
Gozo do pensar que pensa o transbordante
Aflição repugnante
Bruxaria de iniciante
Insípida contadora de anomalias
Quem sabe, um dia
Saberá que ao olhar para trás
Já deixou de ser
Aquilo que nunca foi
Triste retrato da indigência mental
Estátua de sal
Cara de pau
Aturdida interrogo até onde a estrepolia
Estrapola.
Não desenrola.
Embola a esquizofrenia
Tirana pensando que “essa’ é boa
Não, não é
Gastando seu lixo tempo, à toa
A toada escolhe a rainha da tourada
Boa.
Espécie de sina a auto coroa.
Coroando no eclipse aquela piada
Oba.
Sabotaria o invento
Aproveito o divertimento.
Oba oba.
Essa é boa.
Compra a bijouteria achando
Que é ouro, a tola.
Atolada no oba oba
Esquecida que a vida é boa.
Boba.

Renata Rothstein





sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Insistências


Confesso impactos apelando ao que não há
Além do sol, novamente as supernovas
Alardeiam o ardente fugaz
Intenso flamejante inclemente brilho
Quando as novidades afloram
Disseminando inconseqüências
Polindo no breu espectrais imagens
Do intensamente radiante
Que, infelizmente, verdadeiramente
Aqui, ainda não há
O exagero da abrupta chegada e despedida
Lá, já não existirá. Será?
Resistirá, porém. Ao longo da tentativa
Eterna, a sincronia sinfônica lagarteia
Adiando a boreal inexprimível analogia
No momento em que se tornaria,
Simplesmente, já não mais havia.
Não, não a via. Luzes sobrenaturais.
Tão naturais, pontos de vista pré fabricados
Naturalmente empírico facetados
Auto desajustados ajustam-se à situação
Supernovas. Ilusões pirotécnicas
Do antigo novo universo
Do breu a luz
Para a luz dar a luz
Ao breu, que é meu
Há ainda, a luz.
A sempre vida minha, que é luz
Luzeiro inacabado fiapo de recém criado
Enveredando pelo devaneio abóboda celestial
Abobalhado celeiro produção artesanal
Nós, os loucos, os poucos, os roucos
Gritamos mas não somos ouvidos
Pedimos, e somos atendidos
Garantindo mais um pouco
O avesso do que decidimos
Cifrando dificuldades aleatoriamente
Continuamos, supernovamente
Antigos, por todo o sempre,
Fora do espaço e do tempo vigente.
Apaga-se a supernova. Levantada a cortina
O show é acabado, mas o drama não termina
Realidades, ilusões, ilusões reais
Sanam somente simbólicas soluçantes serviçais
Insistências, forças, desistências, resoluções.
Lutas, vitórias, derrotas, disparates, importâncias
Sigo. Insistente. Penitente. Renitente. Eternamente.

Renata Rothstein



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Doce Amado Lírio - Infantil





Doce Amado Lírio

Lírio, doce e meigo lírio
que me causa no âmago aflição
ante o teu brilho, receio concluir que
o beija flor se espanta, silencioso delírio
Branco, perfumado, desprezado lírio
Voa pelo espaço do meu doce alvo jardim
Lírio, teu nome é o doce para meus lábios
confusa a beleza da indignação
cativada tanto por singela formosura
me perco, me embriago, pela tua ternura
dos meus onze anos, até a idade madura,
nunca esquecerei, doce lírio deus da alvura
do amor que transformastes em agrura


Renatinha Rothstein - escrevi este poema quando eu tinha 11 anos...faz um tempinho, e de lá pra cá tive outras paixões, até encontrar o Amor Definitivo rs

Presente da amiga Kathy - lindo! Obrigada.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Portas de Fuga




Portas de fuga, portais existentes incriados palmilham a alma ilha
Reencontrada e perdida por entre trilhas ciladas faróis que erguidos
Renunciam ao posto herdado de algum antepassado cansado mistério enlutado
Lutar deixou de ser aliado no trato com os grilhões acéticos inquisidores

Sanguinários transformadores do vinho em vinagre iludem o oposto milagre
Inteirado do sádico insalubre ácido que resiste, persiste, repele o fremente
Mar exaurido das paixões, objetivo objeto das monções emoções dilaceradas
Arranham o céu as dúvidas ânsio-fóbicas debulhando o que é dividido no desigual

E eu queria somente antepor ao claustro monástico da minha alma desinibida
A pálida certeza indecentemente tão acertada que pelo todo torna-se refratária
O tudo não pode ser benquisto como posto tábua da salvação - sempre ilusória (?)
A tramóia dança à luz de velas enquanto vela o veleiro que conduz ao abismo

Destilado o sumo veneno da irracionalidade o louco vagueia sob as vistas
Grossas – do sumo sacerdote que investigativo intuitivamente decide
Desvenda pouco preocupando dando o irreversível dano palpite
Compreensível fio tenaz. O erro é imaginar pseudos feudos estruturas reais..


Renata Rothstein

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Eu, Renata




O delirante espectro da leitura da minha alma me conduz a caminhos antes e depois percorridos ininterruptamente, idas e vindas mirabolantes em que o depois transforma-se no antes para que o presente faça todo o sentido.

Sou eu, sou assim, Deus me livre de definições, sou indefinível por Natureza, a minha reza é a Transparência, a minha regra é a busca pelo Transcendente, relevante, pelo menos p'ra mim.

Febril agitação corrida em que tudo, sempre, se encaixa.
Instigo, construo, agito, badalo, me abalo, me desabalo, porque assim, tudo se basta.

A vida, por si só, basta.


Beijos com carinho!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Silêncios


Silêncios. Gritos. Servos. Senhores severos
Na casa vazia grita a terrível companheira solidão
Fantasmas de natais passados invadem a cena trazem à tona
Mercadorias barganhadas outrora , gritante sofreguidão

Desleal a anfitriã alegria sorrateiramente observa o presente
O presente passado esquecido é pisado, socado, silenciado.
Memórias alienígenas vacilam repercutindo o tino da agrura
Cálido espectro de aço inventado gerado soprado sobrepujado

Erguendo o cajado relíquia de íntima presença reluzente
Sabidas caladas traçam a troça da rota temida
Alhures perene marcada alcançada fábula remida
Enferma manhã bela irmã extremamente cansada

Gritam os silêncios quando na obscura profundidade
Antevêem céleres os célebres anfitriões da verdade
A marcha insistente conhecida apenas pela duplicidade
Somente consente apóia assiste inominável dignidade

Renata Rothstein


Subterfúgios




Personagens indefiníveis estereótipos da própria razão
Trafegam pelo porto visionário antiestático da vida
Esvaziam-se perante as adesões os leões covardes da melancolia
Eu mesma, personagem auto desconhecida, insisto

Persisto em busca de esquálidos ajustes inalterados
Buscando a direção - engano - teima a direção errada
Espelhos ilusionistas trapaceiam na fronteira do flagrante
Quando fragrâncias evidenciam trajes pioneiros de pensamentos

Confusos cantados camuflados pensamentos derrotados
Quiçá existiram e assim, ao por do sol, partindo
Invertem o princípio da busca, a missão do destino
Tornam-se os donos das razões estrategicamente irracionais

Peregrinando sonhos usurpadores do sentido
Alternam campo e cidade, mar e saudade, flor e beijo
Alteram alternando altares alter egos e alienações
Nações fugitivas irrompem dentro do meu peito

Acometido pelo gênero espanto alegria temo
Encorajo, labiríntico caminho, persigo a saída e não acho
O verso alardeia a calma encontro a mim mesmo
Procurando cicatrizar a ferida trafego pelo inverso do revés

Revezo fogo, fogo que ateio, transito pela intransponibilidade
Invisível alheio trafego precipitado
Transitoriedade perpétua indisponibilidade
O tempo estipulado por juízes insubordinados

Ordinariamente subornados desafiantes insignificantes
Não me afeiçoo a presentes pretéritos provedores do fim
Escolho a idílica sensação redentora e perversa do inevitável
Destoando da irrisória desfaçatez das máscaras

Execrando o desnecessário viver, não fujo
Realizo e interminável, refuto o não ao perdão
Acho no árduo caminho o fugaz eixo
Encaro, descaro, desmascaro o subterfúgio, me deixo.


Renata Rothstein







domingo, 7 de agosto de 2011

Cartas para o Absurdo

Cartas sacrílegas para o absurdo
Tornam-se estranhamente sãs quando
Dentro das manhãs malsãs pergaminhos
Inóspitos são os únicos consoladores

Escravos insólitos do escarninho contam anedotas
De terceira, cristalizados na falta do haver
Suficiência generalizada drogando a corte do poder
Sim, é transubstancial a apelativa norma da tristeza

A realeza desrealiza-se, desacelera e desnivela
Tramando o que se anela, há nela o desvelo cósmico
Genético código ético o poder torna cético
O que nele crê, descrente de sua capacidade de ver

Sobressaltos e sabotagens , lugarejo árido lunar
Jeitos, coisas, pessoas, sortilégios sinceros
No meio do deserto, eu, solitário, encontro
Amortecido, uma luneta, muleta, bola de cristal ou tal

Tudo que se enxergava através daquela luneta
Era a distância embaçada no meio da vida-estrada
Um horizonte presente e distante, breve e vibrante
Escorrendo por entre os dedos cansados do nada.

Afinal vago vestígio, me perco, me centro
Acercam locadores loucos do destino
Vagando vagueio no vagão da antiga solidão
Eternamente. Séculos afora, vidas adentro.


Renata Rothstein

sábado, 6 de agosto de 2011

Um dia...





Um dia.
Imaginado imaginável inimaginável dia
O incerto transverso certo intrigante dia
Indica o farol do velho arrependido - por quê?
Quando já será encerrado o tudo que já se extinguia

Neste dia, alaúdes citarão realizados
O olho da sílfide de esguelha tudo vê
Entremeio entrevendo o entre-sai da zombaria
Cítaras citarão que os portões nacarados

No teu delirante sonho, humilde
Teceram-se sem grandes alardes pela amplidão
Daquele céu violáceo, que por segundos
Fez-se dantesco somente para exasperar

Saber real a possibilidade do impossível
Ser verdade, tornar a visão nítida e precisa
Quando faróis de olhos invisíveis te seguem
Perseguem, açoitam, corrigem, repelem

No estalido do piso por pés que estes chãos
Nunca pisaram, concertos consertarão
O que resta do que nunca houve, do que nunca ouvi.
A Chama Rubro da Imperatriz reinará, a ferro e fogo

Trará, com ensaiado escárnio "misencênico"
Aquele que semeou a guerra,
Plantou o dual e colheu o fogo.
Assuma! Suma. Troque sua carta de envelope

Mantenha a mensagem infra-miséria
Da anti-matéria destoante do tocante
Faroleiros autodidatas declamarão
O que os olhos terríveis invisíveis
Ensinaram - aprende-se a lição.

Cumpre-se a missão. Citado teu desconhecido nome pelas cítaras
Terá cessado a zombaria - esporrástica anomalia
Compreenderás que os deuses fagocitários
Prestarão a honraria, sorria pois,
Se repelem, corrigem, açoitam, perseguem

Trazem em carruagens fantásticas a sonhada
Outra vez alcançada miragem sofreguidão
Anoitece e o dia acontece, a noite transforma-se em dia.
Ex anomalia..
Um dia.

Renata Rothstein

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Meia (Infantil)

Eu perdi a minha meia
Quero o meu par de meias
Apesar de serem "meia"
São duas e são inteiras!

A minha meia, aonde pode estar?
Eu sei, estava bem aqui
Mas, quando eu vim calçar
Minha meinha já não vi.

Se alguém sabe algo dela
Me conte, aponte, por favor
Quero esquentar meu pé
E sem ela, como vou?

Amiguinhos, me lembrei
Fica tudo bem assim
Fui eu mesmo que esqueci dela
Brincando, lá no Jardim!


Renata Rothstein - Baseado em fatos reais - A Vida de Ana Clara e Bernardo \O/.

Gaivotinha (Infantil)





Voa Dona Gaivotinha
Traga meu soninho sim
O Solzinho já se foi
E deixou um beijo p'ra mim

Dona Gaivotinha,
Companheira igual não há
Guardamos meus brinquedos
Amanhã vamos brincar

Já são oito horas
E é hora de dormir
Beijo, Gaivota
Agora eu tenho que ir!

Na minha caminha
Eu vou me aquecer
A mamãe me disse
Que assim eu vou crescer

Então voa Gaivotinha,
Boa noite p'ra você
Um abraço na Mamãe
E eu vou adormecer.

Pra Ana, pro Bernardo e para todas as crianças do mundo!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Acordo pelo Acorde.

Acorde pelo acordo, acorde, descumpra o acordo
Discorde.
Desfeito desfaz-se o inócuo acordo.
No desacordo acordada desacordo do acordar.
Febrilmente agito a minha vida,
Quixotesca.
Tremeluzente no pálido sonho abortado
gris conversações convergem incoerências
lúdicas ao encouraçar perspectivas
Antes do amanhecer e reconhecer o intrépido
conhecimento solitário cavalgando silêncios
dentro do "esperancialismo", vulgar catavento,
cata pelo tempo sancho-esperanças
sabotado pela cruel realidade contenta-se
o bobo da corte corta a cortina
revela a saída e a guilhotina
Indestrutível, acordes me acordam
Acordada, portanto, acordo.
Concordo.
Aceito o acordo, desvalido o engodo.
esbarrando em abismos atravesso a barreira
a bandeira companheira essa não desistirá
resistente heroína de batalhas inverossímeis
O ontem jaz, cadáver inocentado pelo jamais
e o amanhã é feto cortina transparente
expectativa culpabilizada pelo ainda não ser
quixotescamente vivo, empalideço ante o antes
sobrevivo troveja em mim o depois
Desperto desprezando descrente desesperos
Acordo pelo acorde, acordo feito, acorde.
Concorde.

Renata Rothstein

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Capitães etílicos



Enleio divago serenamente furiosa
ao contemplar estarrecida entristecida
os divagantes gigantes capitães etílicos do céu
Desativando a guelra metaleira
gritada da nau espacial anoréxica
histérico transporte bajulador
baluartes de anti-terror
Irresistivelmente atraída para o abismo
a mando de quem, a cultura do horror?
Inconformo, não sou absurdo robótico
movido dirigido por controle remoto
as naus espaciais trazem o nada -e trazem mais
transportam o infinito desejo de ser capaz
de deixar infinitamente o todo
do tolo tudo - para trás
Desfaçatez inconsistente inconsciente descrente
jogando a rede os pescadores pensadores
enregelam-se ante o contraste incontrolável
inconstante , que nunca houve
quando a insubordinação precipita-se
na lixeira do semi inconsciente
coletivamente recolhe-se o imprevisto
a previsível mesmice debate-se
singularmente, invólucros da saciedade
Fujo - o abismo sideral atordoa, invade,
toma de assalto, liberta o que aflige
dirige miraculosamente sem enxergar, a vida
que já não seria a mesma
nau espacial especial que espelha
influxos anti-sabotadores da guerra
hesitante obtenho o êxito inesperado
Incendeia a cidade mundo - em mim.