sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Estações

No cio das estações tocam as cítaras da liberdade
Degredos e celebrações -realidades- fantasmas e visões
Suspiros irreais arranham sótãos empoeirados do eu
Lamenta o choro a tristeza antes tão fantasiada de alegria
E sorria
Quando pantanosos paraísos invertidos assumiam poderes tais
Lá fora tornado loucamente divertido a aviltante lucidez
Talvez a incoerência mantida em toda demência soe mais altiva
Talvez seja e ninguém suspeita do nada à espreita
Quando a madrugada assiste estupefata e soberana
O nascimento das flores do caos
Deslizo e seduzo a toda não pressa de assistir o já consumido
Alinhar o solitário eixo do meu ser passa, portanto, a ser
A antítese do necessário quando o contrário de tudo o que sou
Já não explico, mas no meu silêncio há só um grito
E se eu me acho dentro daquele lugar lá fora
Longínquo e inóspito é porque agora sou só eu quem chora
E choro só
E corro e procuro e deploro e imploro inverto universos
Exploro as contradições esperando ao menos um eco
Ecoa, no entanto tão somente o silencioso meu coração
Entretanto a tormenta aparente quando atormenta estremece
Saudades ciciam nomes perdidos no cio das estações
Visões fantasmagóricas de cruel realidade celebrando a liberdade
Finjo embriaguez contradigo o óbvio - rir da irrealidade
Tocam ao longe as cítaras no degredo e há ganho
E o recomeço quando, enfim, trocam-se os teares
A vida simplesmente e rumos que não se conhece
Segue
Apesar dos néscios olhares, apesar dos muitos pesares
Prossegue.

Renata Rothstein