quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Esferas

E eu que insistente duvido das minhas incertezas
Interrogando diuturnamente minhas certezas
E rogo e peço e clamo e acredito que logo
Rogo para que sem tardar desperte
Assuma descubra desassombre sobriedades
Desmoronando a toda falsa verdade
Transformada enfim em pó
Desmistificadas as mais sábias ignorâncias
Cale-se qualquer estudada arrogância
Ânsia somente ante o cálice do simples
Transbordante libertador extasiante transmutador
Ressurja a desejada assustadora realidade
Sempre tão presente na desrealização
Quantos amanhãs – ainda – no calendário
Já se foram e não vimos e não ouvimos
Tanto o que não queremos
E assim esperamos pelas manhãs
Tão estranhamente malsãs
Ampulhetas invertidas tempos diversos
Tempo. O mesmo
Da mesma indefinível vida
Entre o que não deve ser e o que é
Sendo aquilo que -inteligente sina- deve ser
Sentindo prossigo ao largo da pseudo-solução
Evocada generalizada ilusão difusora da desilusão
Qual o sentido fora dos padrões querida a solidão
Luzes artificiais também iluminam respostas
Mágicos encontros vidas idas e vindas
Silenciosamente a esperança prossegue
Dentro dessa esfera angustiosa solução
Despeço o tormento lamento
Tempo ao tempo...
Desconheço o quanto de tempo
Calmamente aguardo o momento
Dentro do nada simplesmente
Abraço a amplidão


Renata Rothstein

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Limiares

Limiares dos milhares risíveis sofríveis absurdos
Aviltante desonra resvalo mudo mundo afora
Agora os mundos fora resistem aqui dentro
Foram-se os nós, aqueles mesmos velhos sóis
Em nós sequências fragmentadas não declaradas
Mares artificiais em mim mudo inundo meu mundo
Perto do fim registro o que se apague quando
Vestígios de celebrações em mim civilizações
Ressurge um mundo anos luz do imundo mundo
Desiludido fascínio provinciano e repito quantos
Arquitetônicos espaços haverão nas estrelas que brilham
Fazendo do além céu um além mar invisível a fronteira        
Renasça pois no fim aquilo que nunca houve e traga
A entrega sacro devassa do encanto desenfreado
Perceptíveis zombarias psicóticos entes alhures
Apocalipses vidas em elipse fugas em eclipse
Mundos profundos recobro o inconsciente inconsistente
Recorrente frenesi na ardência impotente
Submeto ao jugo mítico o inventar
Do caos levanto fortalezas faróis me guiam
Cerro os olhos levanto caminho mundo
Corro invencível coro de sempre
Vislumbro cumpro devaneios nunca 
As certezas


Renata Rothstein

domingo, 2 de outubro de 2011

Vendavais

Antevejo murais limiares estelares espetaculares
Vias lácteas labirínticas monumentais estátuas lunares
Lunáticas labaredas sedes da sede do ser sempre
Ando aprendo o esquecimento necessário e lento
Renúncias obrigações caminhadas olhares
Olhos vendados influxos esdrúxulos em mente
O fluxo dos vagalhões mentes sufocadas que se perdem
E mentem e a vida vadia vagueia vocifera
Fera na esfera ferida ânsia ferina fascina
Desmedidos poderes aparecem perecem nos seres
Porém imperam despotismo invertido
E é tudo pó
Vontades desinformadas lamentos solitários
E é só
Tornada sua a vontade alheia queira ou não ela se esgueira
Dentre os aliados alinham-se desalojados receios
Alelos destinos parelhos estranhamente paralelos
Na pele anelo justiça feiticeiros multifacetados
Forjam o amanhã mortíferos renascimentos
Lembranças fatos esquecimentos natimortos
Antídotos
Pressinto a gentil sutileza do não ser - sendo
Esquecendo de tudo apreendo me rendo
No violento vento dos vendavais me perco
Transformo e desejo e não vejo voltar nunca mais
Deixo o que ficou para trás
Lampejo de horizontes
Reticências
...


Renata Rothstein