segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Simulacros





Dias em branco noites aos prantos
Eu desaprendo a viver insistindo
Em viver somente apego o apêlo e tento
Transmuto solidões intento sê-lo e triste
Sou além do muito a mudez da voz tão altiva
Nudez complacente delírio na vastidão contida
Do meu quarto da minha rua da minh'alma invertida
No tudo tão nulo e que ainda assim convém
Servidão rebelde estilhaços devoro temeridades
Nas cidades de aço torres e calabouços esfumaçados
E ao longe ouço tambores de guerra adivinho sinas
Sinais apocalípticos a forca o sino o domo refulge
Foge a luz artificial decide desiste ante o final
O leito em que o profano antes tão irreal ardia
Dos erráticos pântanos ergue-se o derradeiro canto
Degelo desanuviando desavisados dramas e dilúvios
Simulo sorrisos e choros choro as contradições
Lições lembranças lívidas lendas tão ao largo
Espaços e tempos inexistentes vigora o insondável
Inexoravelmente descaminho no escaninho o pranto
As noites findam as nuvens púrpuras retornam ao vazio
No âmago da simplicidade reside existe persiste
A força e os dias são tão brancos, enfim
Mas as noites e os singulares prantos são tantos
Há vida o destino e apreendo no véu do desatino
Silenciando passos desfaço pactos só simulacros
O muito que é desfaz-se e o nada que foi renasce
Perene idolatria o desuso da tirania pálidos resquícios
De lucidez a intransigência e a pressa da vida
Somente desencontros, talvez.

Renata Rothstein