segunda-feira, 4 de junho de 2012

Despenhadeiros



Proximidades são tão somente despenhadeiros
Quando o desespero assola implora seu antiapelo
Trafego impiedosamente cascalhos de luar
Vacilo resvalo vago envergo minhas vastidões
Qual areia esvaindo-se no tempo contemplo
Chãos demolidos escolhidos indignados calados
Devaneios semeio na torturante luz do dia
Riem-se de mim meus não próprios "eus"
E supero suporto serena sequelas e solidão
E mesmo sem alcançar o que será - outra vez
Traço meus palmos debocho dos meus planos
Os enganos tão enganadores que dissolvem-se
Na lágrima ensaiada e explosiva que furtivamente
Insiste em escandalosamente furtar-se à testenhunhar
Calo e no calabouço da alma celebro a idílica liberdade
Ventanias cálidas nos desfiladeiros entoam canções
Despedem-se qual sol ao cair da tarde os despenhadeiros
Entardecendo aproximam-se afoitos os mesmos antigos sonhos
Apelo espero encerro ávida estranhas alucinações
Derramo no cálice da vida a vida que mostrar-se-á
Quando for embora outra vez - quem sabe de vez
A torturante náufraga em nós a noite prometida
Sibilante sedutora serena e selvagem noite
Plena e escura, que, estranhamente, clareia e traz a cura
À minha eterna sobrevivente despudorada procura.


Renata Rothstein
 

Um comentário:

  1. A Brandeza desta Poeta é um eterno Criar-se, ser ela própria a mais reluzente e fantástica Poesia!

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