domingo, 18 de setembro de 2011

Há Vida

Tão ao largo que me desencontrei
No inverso do inverno de um sonho
Conformada me desarmei desafiadora quando amei
Encontrando nas sinas sonoras da manhã
A ascensão misteriosa átrio-valor-terra
Não sei se a um pensamento vassalo ou rei
A resposta cala e a pergunta se encerra
Quando as condições foram quebradas
Foi ao chão o fim da era começada
Troquei o fictício pelo igual real desilusão
Por onde escapa um esteio de realidade
Partindo repetidamente repentinamente
Sem aviso de chegada ou partida?
Pela vida sigo entre dogmas e racionalidades
O inverso desorientado do tudo tornado tarde
Enlouquecendo furiosamente cedo
Intermináveis instantes
Clareando obscurecidas alternantes fontes delirantes
Elos deflagrantes sinais sinos silenciantes
Exito. Êxito fragrante. Flagrante beligerante
Do alto a salvação, mas, se todos seguros estão
Para quem trabalha - duro - a ameaça da condenação?
Condena-se a submissa inadiável temerosa condição
Perifericamente transpõe-se a vitória
Ensaiadas detalhadamente batalhas tornam-se pantomimas
Mas onde estará, oculto, posto o indócil substituto
Segmento purulento ardiloso e lento em face de tudo que foi
Exaustivamente exposto?
Exponho meliantes sinapses antecessoras da incapacidade
Cidades astrais constrangedoramente visíveis carregam de si
O que sobra da pouca rouca louca, portanto, sanidade
Captam em meio ao medo o medíocre luxo e eu
Lustro a luxúria lunática de lodo
Imortais rojões emperdenidos sabotam anseios
Absorta absorvo tão somente absolvo a absurda antítese
Abstraio não me atrai o traiçoeiro trajeto que vai
E se esvai, revivo, em tudo
Sentindo na pele a pequena fração de eu
Necessário é jogar-se ritualisticamente
Sem crer na divinatória oratória
Daqueles que comandam a lida
Necessário apenas é seguir
Não importa a direção que nunca é escolhida
É necessário apenas seguir
E perseguindo
Viver a vida
Enquanto ainda
Há vida


Renata Rothstein

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