domingo, 13 de maio de 2012

Casas de Vidro


E eu...eu preciso tanto reviver
E só às vezes, não lembrar que esquecer
É só a face da perversa falsa indiferença
Diferente e que, ao acontecer, é breve
E a dor traz a paz fugaz tal dia que anoitece
Lágrimas enxutas e eu, radiante qual crente numa prece
Sem pressa nos campos da passageira eternidade
Sussurro minhas doces ásperas palavras ao vento
Em língua que jamais existiu
Sentindo jorrar paulatinamente a força
Sem ti - somando comigo meu abrigo
A mesma fé que, definitivamente, não tenho
Contudo vejo crescer incandescente e
Em mim o mar se afoga dialoga
Segredos há muito escondidos prossigo
A transparente nau de dóceis anseios
Aguarda o instante místico da estratégica retirada
O céu e o mar se fundem no azul de pureza maculada
Enleio elevo elejo elucidações e espargem
As lições desencontradas contadas por lendas
Fendas feridas forjadas fagulhas e felicidades
Cidades construídas em vidro - envidraçadas
Porém embaçadas - algo entre o tudo e o nada
Este que logo torna-se tudo engole o que agora é nada
Como conhecer o caminho ou a luz no fim de um túnel
Somente a loucura desafiadora presa nalguma masmorra
Ilusões... a antiga luz no fim de um misterioso túnel
E sequer chegamos à ponte e ainda não entendemos a fonte
Floresço renasço faço pactos parto antes do fim
Nas manhãs transparentes apenas a voz do vento
Um lamento exito apenas um momento
Minha alma cigana não se engana não cede
Sigo assim a andar meu sem rumo indolente
E assim finjo acreditar que caminho contente
Realejos e cartomantes e magos e sacerdotisas
Espelhos e a loucura e meu tanto nada
Continuo a lavra vã entorpecida
Não, não desisto insisto velada a lida
Encaro, pés descalços, minha ladeira
E a eterna  subida há vida
A vida.


Renata Rothstein

Um comentário:

  1. O que dizer, quando a Poesia se curva a RENATA ROTHSTEIN? Tudo, RENATA É o Tudo mais lindo da Poesia!

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