segunda-feira, 7 de maio de 2012

Noite rara




Noite clara lua rara
Sortilégios e devassidão
Velas bruxuleantes e antes
Vício. Vivo um sonho cambaleante
Fugidio vívido qual cadente estrela
Pesadelo disfarçado de anjo brilhante
Fogos comemorações anunciam vilão e amante
Tocante dissipar do antídoto antigo ato
Desato desacato desvalido a desilusão
A lua é clara a noite enluarada tão rara
Cara a concessão das dores que um dia
Foram e hoje não passam somente
De incolores insípidos imolados amores
Hoje tão distantes que diria rumores
E eu quero -confesso - tão pouco
Tampouco divinizo o lancinante anseio
Revivo a sobriedade nos sótãos hipócritas
A santidade verdadeira é apenas metade
Do meu próprio pesar descreio
Meu grito rouco desafiante transgride
Resiste ante a anti-propriedade
Anelo fictícios laços retratos da fragilidade
Cristais exaustivamente mal disfarçados
No aço eu, o louco, encontro algum abrigo
Visível o rascunho do mapa da saudade
Outra vez o embriagante vinho do esquecimento
Sobrevivo reconheço no espelho dentro de mim
Noite rara enluarada tão clara
Caminho. Desfaço o anseio
E somente assim
Ainda serei eu, se assim for
Antes do fim.

Renata Rothstein

Um comentário:

  1. Este vibrante e enérgico retrato de um Eu repleto de cor e de música, emociona demais!

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