quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A vida que eu viveria...


Dentro da escuridão - passos- o que não é sabido em ruínas
Alucina abriga lúcida o cálido repouso passageiro os despojos
Das entranhas dos flácidos anseios a vida hoje estranha corrompe
as manhãs e eu somente antevejo o que jamais inimaginável será
Venha depressa caminhe pelos muros ignore os pesados portões
E quando estiver seja choro seja bela seja a alegria seja a vela
Traga pelas mãos os isolados sobreviventes ao lodo- persistente
Tolo e inconveniente o pesar companhia apesar de contente
Resistente a rosa conserva a pétala a essência o orvalho
A vida um instante entre qualquer intrépido sonho e o despertar
Revela-se inveja-se sua fúria delirante sua doçura instigante
Quando violões solitários divinizam canções nunca ouvidas 
E tantas outras jazem sentidas perdidas num mar de breu
Eu que não quero ser nada sou inteira sou um compasso só meu
Ser a minha obra a minha rotina devaneios escolhas infindas
Estranhas as razões tão distantes das entranhas a vertigem
Dissipando deturpando decidindo desistindo devolvendo
Tudo a mim e outra vez e sempre eu e minhas tristezas
E qualquer sombra de alegria decifro adivinho minha não agonia
E é cedo - ainda - trago num resto de vida toda a vida que eu viveria.

Renata Affonso

2 comentários: