segunda-feira, 28 de maio de 2012

Almas Embalsamadas




Silêncios cicios sorrateiros cios soluços
Almas embalsamadas belas malas nas mãos
Afagam o sol angélicas mãos ceifam qualquer
Delituoso desnecessário porvir - desassombro
Nos desvãos do abismo a incerteza do nada
Ser tudo e dúvidas caem da tarde fria
Arde gelidamente a partida – vazia
Dos pretéritos imperfeitos jazigos a turva transgressão
Cálida a prece e delicadamente estranho o dano
Desato choros calo gritos esforço grandezas
Torpes desatinos que ocultem a tristeza
Eu não aguardo trancada num canto qualquer
Empoeirado trancado guardando qual santa - insana
Tesouros banais e trapos ímpares inimitáveis
Disparidades irrecuperáveis singro impeço eternidades
Sangram minhas mãos enterneço impiedades
Ergo do caos qualquer lucidez enlouqueço
Traço nos destroços céus imaginários
Infinitos fim e começo - reconheço
Dos meus tropeços acerto os descaminhos 
E torno irreal o sonho que, decerto, não mais o será
Um dia.


Renata Rothstein

Um comentário:

  1. A maneira melodiosa como organiza o verso, as imagens únicas e incandescentes...é um Poema Magistral!!!

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