segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Claustros

Fora dos claustros a visão ilusória de liberdade
Arde a constatação argumento atraiçoado
Na basílica despedaçada empoeirada de ansiar solidão
Queria a tirania dos esquemas jubilosamente desvanecidos
Somente pela fornalha dos desejos de fácil ourivesaria
O tesouro ruge quando posto à prova visto de fora
Tudo quase é prova doentia do dano da indústria fria
Frágil insípida não obstante indispensável estupidez
Gritos flagelos películas enxovalhadas medíocre é
A megalomania teimosa e infiltrada no muito trapo
Desarrazoado destino o vil imperador adorna os tronos
Consta dos autos a aspersão o sêmem da insalubridade
Fornalhas dispersam o desatino sacrílego realejo imortal
Da terrível voracidade a insólita sacolejante via imoral
Sabe-se lá que espécie de ser abarrota os calabouços
Além do seu universo a dor é muito irreal e atroz
Porém o lá fora é aqui e o agora é aqui dentro
Jaz a folha opaca e despedaçada e é estranho
Não há lágrimas há no entanto ausência de cor -há dor
E mães e crianças e mulheres e homens - seres humanos
O caminhante cansado pisa o exausto semelhante
Esperando da guerra a paz quem sabe seja ainda capaz de existir
Um refúgio um encanto um canto recôndito qualquer
Ainda que mito delírio realidade fugaz um remanso
Antes que venha se ainda houver sorte um “aqui jaz”
Não seja tudo em vão a luta o pranto a chama nossa de cada dia
E tudo que clama que não engana que grita que chama
Feito o trato com o Abstrato qual o valor do nosso trabalho?
Barganha da vergonha: a vida por um pouco de paz.


Renata Rothstein

Um comentário:

  1. A Poesia se torna eterna quando o Poeta ao dizer EU, fala NÓS, pois faz sua a voz dos que não são ouvidos!

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