quarta-feira, 21 de março de 2012

Apelo ao Tempo




Apelo ao tempo
Preciso vê-lo
Por todo caminho
Tê-lo apressada
E, no entanto
Sem atropelo
Releio cada segundo
Em busca de qualquer
Estudada oportunidade
Ou sorte, quem sabe
Indizível é e dolorida
Chegada amanhecida
Dentro da noite
Dama sempre desconhecida
E só a desejável solidão
Tão longa e conveniente
Insanidade premente
Sempre surgindo
Inesperadamente
Fantoches do destino
Desatinos... 
Nos labirintos da corte
Rei e plebéia
Servo e rainha
Rascunham planos
Rendem-se todos
À sua própria natureza
Torpe e sórdida
Vítimas tolas inocentes
Do bobo da corte
Silencie
Comédias tornam-se dramas
Ao engenhoso autor
Personagens de argila
Armam-se vis e anseiam
Delineiam ardis
Somente amam – e é nada
Máscaras fisionômicas reais
Ocultam a conhecida imagem
Simbólicas viagens
Tragam no limbo miragens
E eu, velo por ti
A ti todo meu zelo
Silêncio e o elo
Caminhos paralelos
Nenhuma resposta ao não apelo
A meta é consciente
Toda inconseqüente
Insistente é tola
Vagueiam entre os plátanos
As almas dos esconjurados
Observam cínica e passivamente
A ladra desalmada
E tão conspiradora rotina
Repito, grito, imploro
Preciso somente vê-lo
Juramento e apelo
Inútil inglória insana inerte
Toda algema auto adquirida
Jaz, perdida no seu dever
Liberta, pois, ao invés de prender
Caminho e por entre as pedras
Ignoro conceitos concretos e muros
Construo no abstrato retratos
Apenas e tanto para te rever
Espelhos do passado
Derramam lágrimas ante
A total inutilidade
Intransformável, hoje
Sempre, o indestrutível amor
Lacônica breve simples realidade
Estrelas decaem - tal lágrimas
Furtivas lágrimas de sublimidade
Inexiste a proximidade...
Prossigo e dentro de mim
Segue, comigo, viva
(Algo que já não consigo)
A dor inexprimível
Dilacerante e inalcançável
De uma imensa eterna saudade


Renata Rothstein

Nenhum comentário:

Postar um comentário