domingo, 18 de março de 2012

Adeus à noite escura



Traço o espaço
Sibilantes enlaces
Desestabilizo e refaço
O quanto de verdade
Existe no passo
Nem sempre fácil
Passado ultra
Ultrapassado e era
Simplesmente partir
Adiar a partida
Parte da medida
Temida e insistente
Praticante do irrealizável
Nada razoável
Místicas agonizantes
Cavalariços fantasmas
Cios temporais sussurros
Vigias de mágicos pórticos
Contemplam ampulhetas
Contando os preciosos
Instantes...
Raros azuis diamantes
Sem pressa cumpro
Meu plano e cada promessa
Calada a tolice incômoda
Incomoda a comodidade
Tão viva quanto as flores
Lindas porém já colhidas
Tolhidas...
Expressa explosões explícitas
Horizontes boreais
Esvanecendo boatos
De um divino motivo
E sem palavras tudo é
E é nada - apenas
Nuas almas náufragas
De um sonho que então havia
Dementes monotonias
Raia outra vez
O insistente dia
Finda a procura
Incertezas e seus poucos
Muitos sentidos
Cerrados os olhos aguardam
Aos apavorados olhares
Cerram-se - somente
À espera da cura
Abraço o radiante dia
Despeço, para sempre
A longa noite escura.


Renata Rothstein

Um comentário:

  1. A musicalidade estonteante da métrica, dá uma vida bachiana ao verso carregado de sentido e sentimento. Maravilhoso!

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