segunda-feira, 5 de março de 2012

Zé Ninguém

A gente é somente e tanto
Aquilo que a gente é
Alguns nasceram homem
Outros nasceram mulher
Até existe o que ainda
Não se sabe bem o que é
Meus cumprimentos a todos
Filhos de um mesmo Pai
E quem se contrariar disso
É bom que não diga um “ai”
Ninguém pode aspirar ser José
Ainda que se agarre à fé
Quando já se nasce um Zé
Tolice sustentar o inadiável
Mesmo em face do despeito
Folguedo do invejoso alheio
Todo mundo merece respeito
Nem que seja pelo meio!
E não por isso rebele-se o tolo
Ninguém dá o que não tem
Então não me cobre nada
Dê cada um o próprio “não tem”
Vexame é de quem faz palhaçada
Se avexe não, pois, com isso
Derrube a oposição à pedrada!
Seja tudo seja nada seja o todo
Só não seja na patuscada um grande
Imenso tolo bolo de bobo de nada
É tudo parte do jogo e já que
Em jogo eu não perco um vintém
Eu fico mesmo é na minha
Já sou mesmo um Zé Ninguém!
E eu que não me interesso
Quase sempre por nada disso
Disparo sem compromisso
A minha humilde indignação
É como o velho ditado
Aquele em que se dizia
Conselho coisa boa fosse
Não se dava, se vendia!
A quem me deu atenção
Desejo muito bom dia
Foi tudo de coração
E nada de picardia!
Vixe, mas não é se que dizia
Assim mui discretamente
Quem disse é confiável
A verdade é que ela ardia
Mas esse já é um assunto
Que fica p'ra outro dia!

Renata Rothstein

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