domingo, 5 de fevereiro de 2012

02 de Fevereiro


Ontem, dia 02 de fevereiro, resolvi que tinha que ir a praia, rezar e tals. Não, não levei oferendas.
Pensei: humm,  para onde vou, assim, né, rapidinho?! La respuesta: "Esbarra em Guaratiba".
Decido. Não vou. Ah, vou sim, o dia tá lindo! Mas não vou...e acabei indo!
E fui. Já no caminho indícios do que me esperava. Muita gente, muita frô, muito calor, muita gente sem educação junto, coisa que não podia dar certo mesmo.
Aí, chego ao local, salto em frente ao mar cheia de reverência, me concentro e escuto... o que? Iemanjá cantando? Não!
Um maldito funk: Minha vó tá maluca, minha vó tá maluca, tanta coisa pra comprar, foi comprar uma peruca! Tentei levar em consideração, vai que aquela fosse a voz de Deus falando comigo.
Mas nem avó sou, por que Ele falaria justo aquilo comigo?....vai que!
Sigo meu caminho me desviando de isopor, latinha de cerveja, pneu de caminhão, despacho e vários Creysson, Jennifers, Tiffanys e Uostons...pedindo clemência e que tudo desse certo, tudo vai dar certo, meus pés queimando, areia fervilhando, saí pulando, uma coisa meio "O labirinto do Fauno", pulei, pulei, encontrei 2437 católicos praticantes de macumba, moradores daqui mesmo, exercendo o que nosso estado laico nos permite e nosso estado hipócrita não permite admitirmos que curtimos (momento feissibuqui).
Sento numa cadeira de praia meio gosmenta ( não sei de que, aluguei por lá....argh) e depois de me besuntar com filtro solar 60, porque os raios estão cada vez mais ultra violentos, olho a natureza, o mar, o céu e a temperatura: 45 graus!
Deus que me perdoe! Sabe quando a gente pensa: o que é que eu tô fazendo aqui?
Pois é.
Mas sou brasileira e não desisto nunca. Burra teimosa.
Olho pro lado e um casal num beijo perereca vem, perereca vai, dois jovens pombinhos que certamente escaparam do Egito quando Moisés abriu o Mar Vermelho.
Aí respirei fundo e pensei: o mar! Ele vai levar embora essa catinga, vai lavar essa alma, vai me descarregar,  abrir os caminhos, enfim, sinceramente, pensei: vai aliviar o calor.
Dando um duplo twist carpado com um mortal e vários pulinhos ao som de ui, ui, tá quente, tá quente, chego na água e quase posso jurar que ouvi um barulhinho de coisa quente quando cai na água: xx sssssssssssii.......
Foi aí que eu descobri o que é desilusão: a água estava boa!
Só que boa pra colocar aquelas latinhas das cervas dos "pessoal" do “minha vó tá maluca”.
Geladééérrimaaaaaaaaaa....me concentrei no objetivo, desistir é para os fracos (oi?), fiz a minha reza braba (rsrs) e lembrei que para dar certo mesmo teria que mergulhar.
Depois de breves 38 minutinhos de adaptação ao meio gélido em que me encontrava, consegui afundar a cabeça, sim, afundar, porque mergulhar não seria palavra apropriada e foi aí que senti o lado direito do rosto dormente.
P...* que p....u! pensei. Pronto, agora tive um derrame, me estrepei de vez, senti tonturas, náuseas, pânico, olhei pro lado e o mesmo casal se agarrando agora dentro d'água, no mesmo ritmo (ou falta de), lembrei do bebê de Rosemary, não sei por quê.
Respirei fundo, tossi, pensei no motivo de estarmos aqui...melhorei.
Sei lá, fiquei bem, foi só stress mesmo. Distúrbio neurovegetativo.
Fricote, acho.
Voltei pra areia com a alma bem mais leve, é verdade, dizem que o que arde cura....meus pés ardiam, queimados, resfriados, queimados novamente, flambados, tratamento de choque!
Como se pé de bailarina fosse algum mimo...enfim!
Refaço meu caminho de volta. Dá licença? E é Uoston, Jennifer, Uelito e  eles tudo lá, repetindo freneticamente: "ai, se eu te pego! ai, ai se eu te pego!".
Consigo fugir da turba e  agora chego no lugar mais quente do RJ.
Não, não moro em Bangu (minha cruz não é pra tanto, aff) – lugar feio, me perdoe quem mora mal, digo, lá.
E encaro mais essa incrível experiência de minha vida como uma baita idiotice da minha parte.
É, mais uma!
Para quem não conhece, "Esbarra em Guaratiba" é um lugar lindo, com pessoas assim, digamos, pimbas avec decadence, non sense geral, mas muito lindo. É.
E onde todo mundo se esbarra!
De verdade. Eu amo Barra de Guaratiba.
Precisava desabafar...o caminho nunca é fácil, mas nós sempre podemos dificultá-lo hehehehe.
Veio agora uma coisa, uma espécie de crise existencial, sei lá!
Vou virar pastora, que nem a doida, todo mundo sabe quem.
Pensando bem, não vou.
Vou não, quero não, posso não...
Se der, fim de semana tô lá de novo!!



Renata Rothstein

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