domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pedido ao Vento (Guilhotinas)




Grito. Tremulantes pedidos inaudíveis de socorro
Percorro corro febrilmente tateio em vão o inerte
Vazio o solo vazia a sala vagueia a vã solidão
E tenta intenta escapar por entre as paredes
Cárceres masmorras arenosos labirintos
Luto no anseio vão e luto na solidão enlutado
Guilhotinados sonhos joguetes do destino
Movem-se as pás e posso jurar não há nada
Mas o vento sussurra e as pás declinam
Voltam atrás suspiro não desisto e no pouco
Tanto que o espanto permite a qualquer um
Cálices cheios esvaziam-se furiosamente e é triste
Acatar que o rio siga caudalosamente e me arraste
Dentro da noite imaginária velórios dementes pense!
Agite açoite abomine assine aceitando acolha e escolha
E siga e acerte e erre e decida impiedosamente
O que é certo ou errado nada é tudo imaginação
Silencie somente sinta saudade a saudade sentirá
Você em toda sua extensão entre o barqueiro espera
Sorvo cada segundo da sagrada derradeira semi esperança
Travessias intermináveis célere a madrugada envelhece
É dia e ainda acordo e concordo e continuo a jornada
Vem o socorro inaudível invisível observo sereno a redenção
Saber incompreensível torna perene e tangível o sonho
Sádica é a santidade quando sã é a devassidão




Renata Rothstein

Um comentário: