segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sacrifícios

Espectro de outro instante estabeleço esqueço o que sou
Inflamo na vertigem voraz aqui o relâmpago fugaz é só
Brilho e som explodem todas as desconstruções que refiz
E como condiz atrai o louco o pouco pecado pisado indolente
Pedinte espelho conselho embaçado ora reticente passado recente


Meu presente implora por esmeros entre os erros os acertos
Acerto no cerne o espasmo do lampejo de pergaminhos
De felicidade que aflita escoa por uma fresta e sufoca
E esgota toda chance de apreço para todo fim há um preço
Para toda causa perdida haverá nem sempre o recomeço


Meço e despeço no espaço o sátiro que liberto do laço
Colhe as flores da agonia esplêndida visão e é tanta
Antagonia a beleza perene nas coisas não vistas
A tristeza sentida naquilo que não vaga e não há
Simetricamente o oposto vale-se ganha sendo somente


O teatro arcaico não estranhamente é louvado
Tanta penúria luxúria lamúria pecado e libertação
As apocalípticas trombetas aplaudem de pé e é fim do ato
Desato fixo no tato expande-se o pior combate me teste
Luz e escuridão das trevas a imensidão avança e prossigo


Sequestradas as últimas esperanças ardem no febril agito
Infelizmente permanece a desigualdade e ainda
Assim reflito existe céu azul no amanhã que finda
Existe crime imaculado doída miséria sem castigo
No horizonte inércias agitam bandeiras recordações


Covardes gris aberrações sem valor dolorosa cor
Sacrifícios ...

Renata Rothstein

Um comentário:

  1. Uma fabulosa aula de ritmo, de verbo em chamas, debruçada sobre a realidade devastadora do ser humano, neste momento caótica, a Autora demonstra o que é ser Gênio nestes tempos conturbados!

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