segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tristemente...


A tristeza, infindável e traiçoeira
 em tropeços, seguindo meu eu cegamente
 vida afora, que toda minha luta ignora
tampouco me estende uma esmola.
Imploro e não sei se faz tempo...
O tempo seria o agora?
Mea culpa, eu, culpada, culpa
Tão somente.       
 Semente minha, malsã
Gerada por mim, que prefiro o fim
A companheira freqüente, indesejável, permanente
 sonhos à deriva, pesadelos ancorados neste cais
 Minha alma, volve-se a lugar algum
Ao inexistente – e contente, cinicamente – não parte
Partícula de mim, permanece algemada
Nostálgica, relembro o dia em que ela
Simplesmente ia e vinha,
E então, eu podia, benfazejo dia
Que se foi, enquanto eu, distraída
Olhava o tempo, companheiro, passando
Vibrava ante a, doce, infantil visão
Magnífica inocente de um luar
Hoje, já não sei,
Não posso dizer, não me contam
Se ainda existe um luar...
E não dizem, também, ao menos,
Se existe a paz, em algum lugar.

Renata Rothstein


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